No México, os dias 1º e 2 de novembro são muito especiais: é quando se celebra o Dia dos Mortos, de longe, a festa mexicana que acho mais bonita e significativa. No dia 1º, festeja-se o dia das almas de crianças, e há muitos doces, brinquedos... No dia 2, é a vez dos adultos, e temos os pratos e as bebidas preferidas dos mortos queridos, tudo colocado num altar-oferenda.
Crédito da foto: daqui, ó.
O costume é antigo, data da época pré-hispânica, e partia da crença de que a alma é imortal e que, quando morremos, ela vai para um lugar chamado Mictlán, de onde regressa todos os anos, no dia 02 de novembro, para visitar e conviver com os familiares vivos.
O mexicano trata a morte com alegria e ironia. Claro que choram a perda de um ente querido, sofrem o luto, tudo igualzinho à maioria dos mortais deste planeta. Mas o Dia dos Mortos revela a crença de que é preciso acreditar em algo além desta vida aqui, de que não somos finitos e de que, algum dia, a gente vai se reencontrar, somewhere.
O Dia dos Mortos é celebrado com um altar-oferenda, geralmente feito em casa, ou nos cemitérios, sobre o túmulo do familiar falecido. Trata-se de uma mesa com velas, caveiras feitas de doce e/ou de cerâmica, flores, um pão especial chamado "pão de morto", cruz, imagem de santos (em especial, a de Nossa Senhora de Guadalupe, la madre de los mexicanos y de Latinoamérica), papel picado, os pratos e as bebidas preferidas do morto, fotografias, água, sal, e se não me esqueço de mais nada, algumas frutas.
As flores são a cempasúchitl, que por aqui conhecemos como cravo de defunto, das amarelas gema, de cor intensa e cheiro, idem. São espalhadas pelo chão, sobre o altar, e também podem ser colocadas em jarros e floreiros, fica ao gosto de quem monta o altar.
Como temos uma casa brasileiro-mexicana, seguimos as tradições dos dois países na medida do possível. E já há alguns anos, montamos nosso altarzim de dia dos mortos.
A novidade neste ano de 2012 é que a pequena Maya me observou montar tudo, sentadinha no carrinho e devidamente amarrada pelo cinto de segurança para não atacar o papel picado, ou quebrar minhas caveiras de cerâmica. Ela observou cada coisa, e vibrou com as cores, as formas, apreendendo tudo e compartilhando do aprendizado cultural.
Depois postarei algumas fotos do nosso altar, até porque é uma tradição tão bonita que você pode querer fazer um também em sua casa, para homenagear seus entes queridos que já se foram. O altar tem um significado tão especial, que algumas pessoas mantêm um pequeno altar para os familiares durante todo o ano, com velas, flores e fotos, é uma maneira de lidar com a dor da perda e da saudade. Bela maneira de sublimar uma coisa feia e triste, não acham?
Deixo vocês com uma imagem que encontrei na rede, um cartão com a imagem de Frida Kahlo, ícono das artes plásticas mexicanas.
Feliz Dia dos Mortos a tod@s! E viva a Vida!! :D
Saudações maternas,
Biazinha
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