sábado, 24 de janeiro de 2015

A chegada de Maya

Agosto é o mês das grandes e belas realizações da minha vida; nesse mês eu me casei e nasceram as minhas duas lindas filhinhas. Como não achá-lo o mês mais especial, cheio de significados e transformador? É o mês que me ofereceu os três dias mais felizes da minha existência, com o casamento com o homem que amo e a chegada de minhas duas princesas.

 Reconstruo o relato da chegada de Maya, minha primogênita, nascida no dia 02 de agosto de 2011:

Depois de um ano e meio de casados, descobrimos que estávamos grávidos! Foi uma gestação maravilhosa, fazia ioga, caminhava, tive uma gravidez muito tranquila, sem nenhuma intercorrência. Esperávamos Maya para o dia 16 de agosto, a data provável do parto (DPP).  Eu tinha tido a intuição de que o parto seria antes do dia previsto, e, mesmo com a obstetra (GO) dizendo que seria na semana #39, liguei pra minha mãe e ela atendeu meu chamado. No dia 1º de agosto, uma segunda-feira, minha mãe chegou à nossa casa. Naquele dia, resolvemos juntos - meu marido, minha mãe e eu - vários detalhes pendentes do nascimento e do enxoval.

Na madrugada do dia 02, terça-feira, minha bolsa rompeu, eram as 04 da manhã. Acordei minha mãe, e contei a ela. Ela ficou muito ansiosa. Acordei, então, meu marido, e tratei de tranquilizá-lo, pois não queria pura ansiedade ao meu redor: eu sentia uma serenidade de monge tibetano. Liguei para a minha GO, quem me pediu que tomasse banho e voltasse a ligar pra ela em uma hora. Fiz isso e, então, ela me pediu que a encontrasse na maternidade às seis e meia.

Eu quis, desde o início, ter um parto normal. Por mais que a médica fosse abertamente cesarista, ela respeitou minha vontade e lá fomos nós, na aventura de parir minha filhinha. A maternidade estava repleta! Era lua nova, e, por mais que se diga que não há evidências científicas de que a lua interfira nos partos, minha porção bruxa acredita que não só os partos, mas tudo ligado ao feminino sofre influência da natureza e das fases da lua. 

Subimos para o andar dos quartos de pré-parto e a minha médica viu que eu tinha apenas 2 cm de dilatação. Como cheguei com bolsa rota, fui induzida para acelerar as contrações - isso é um protocolo daquele e de outros hospitais por aí, e é o que essa GO também segue à risca - e passei quatro horas deitada com contrações dilacerando minha carne. A ocitocina sintética não é uma experiência feliz, mas a chegada de minha filha me transmitia tanto amor e tanta paz, que não me importava passar por tudo aquilo, eu ansiava por ver sua carinha, por tê-la em meus braços, aninhá-la, beijá-la.

A equipe de enfermeiras e técnicas, e também os médicos, foram todos muito ansiosos, por mais que, vendo cá do alto de outra montanha, eu acredite que os procedimentos daquele hospital e daquelas circunstâncias não me agradem e eu não os queira repetir, insisto: a chegada de minha filha me transmitia tanto amor e tanta paz, que não me importava passar por tudo aquilo, eu queria sua carinha, tê-la pertinho, abraçá-la, beijá-la. 

Maya chegou ao mundo às 12h40 de uma terça-feira, e seu nascimento foi assistido por meu esposo, bem de pertinho. Fazia frio em Belo Horizonte e eu não conseguia acreditar que ela já estivesse comigo depois da espera de 38 semanas! Havíamos planejado filmar, ou pelo menos fotografar o parto, havíamos levado até o tripé da câmera, mas ficou tudo nos seus estojos: o momento é de tanta intensidade que parar para tirar fotografias pode fazer a gente perder o melhor da festa, que é a Vida brotando ali, diante de nossos olhos. As câmeras nos distraem, e podem artificializar a Vida, colocando-nos na expectativa de viver o "depois", o "quando eu descarregar essas fotos"...

Um parto que não foi o sonhado por mim não minimiza o amor que tenho por minha filha, nem a alegria de sua chegada. Naquele momento eu não tinha parâmetros para julgar nada, era o primeiro parto, e foi bom que tenha sido assim, pois o que realmente importou foi que ela nasceu saudável, linda e que eu estava bem, pronta para viver a maravilhosa experiência de ser mãe.

Mesmo com a ocitocina sintética, eu transbordava amor e alegria: o hormônio do amor ficou em minhas veias por mais de 24 horas, e isso era tudo que tinha a oferecer ao mundo naquele momento: o mais puro sentimento, ágape, ágape, ágape.

Haver chegado ao hospital com bolsa rota determinou o rumo que as coisas tomaram para aquele parto. Eu não fazia muita ideia de que procedimentos a GO tomaria naquela situação, nem ela havia conversado comigo sobre isso. Numa primeira gestação, quase sempre confiamos muito nos médicos e dizemos amém a tudo que eles nos dizem. O medo de que o bebê corra algum risco sempre persegue a mãe e o pai, por isso, se nos dizem que é melhor induzir logo, a gente diz que sim.

Eu achava, naquela época, que havia lido o suficiente sobre a gestação e o parto, e que havia me documentado o suficiente sobre o quê precisava saber. Mas não. Hoje, eu talvez não tivesse optado pela anestesia. Eu já tinha entre 8 e 9 centímetros de dilatação quando me anestesiaram. Passar o TP deitada é frustrante. A experiência de parir deitada também é péssima. Acho que essas são as coisas que eu mudaria, se pudesse. Mas já sei que nenhum parto é perfeito; tem que ser verdadeiro, intenso, tem que haver respeito.

O mais importante é que, junto com a filha, nasceu a mãe, nasci eu outra vez. Desta vez, nasci cheia de um amor capaz de muitas coisas, nasceu a generosidade e a vontade de fazer o melhor por aquele serzinho lindo e frágil.

Apesar das coisas que me desagradaram, minha filha nasceu bem, e isso é o que importa. Agora é preciso construir um mundo melhor para ela quando ela, um dia, for parir. É importante melhorar as condições do parto e do nascimento, as condições para a mãe e o bebê. Porque acredito que as coisas sempre podem melhorar, e tenho a experiência que serve de medida para o que pode ser.

Nasceu cercada de amor, minha doce Maya. Nasceu para trazer luz, magia e sonho ao mundo. Tudo o que seu nome anuncia. Meu amor imenso e incondicional por essa menininha dourada.  



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