quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ela já está quase aqui & A dor de parir

Trinta e nove semanas e três dias. Ansiedade. Estou entre três e quatro centímetros de dilatação e contrações irregulares desde a noite da última segunda-feira. Este é o meu quadro atual. Que lindura é ver a natureza agindo sobre o corpo, o tempo de gestar e parir como Dios manda e nada nadinha de intervenções desnecessárias prévias à chegada da minha filhinha ao mundo. Ela já quase chega!

Meu médico obstetra viajou e pediu que a consulta desta semana fosse feita já com as obstetrizes do hospital onde Hannah nascerá. Hoje, lá fomos mami e eu à consulta. Chegamos lá às três e saímos às seis, com a certeza de que estou feliz com as escolhas para esse parto. Umas moças ótimas me atenderam, aferiram pressão, auscultaram minha bebê e fiz, depois de váaaaarios meses e consultas, um exame de toque, que identificou esse comecinho de dilatação delicioso. Bom, com a quantidade de contrações que venho sentindo desde segunda, eu só esperava mesmo era a confirmação de que a dilatação já andava por aí.

E pensar que cheguei naturalmente a essa dilatação, e que os próximos centímetros acontecerão do mesmo jeitinho me dá um friozinho bom na barriga, e alegra meu coração! As obstetrizes me pediram para caminhar, namorar, agachar, ficar em movimento e esperar com tranquilidade. Esta é a fase de latência do trabalho de parto, folks. Trata-se da fase inicial do trabalho de parto, e ela é responsável pela dilatação dos primeiros cinco centímetros do colo do útero. Os próximos cinco centímetros restantes configuram o que se chama fase ativa, e são contrações um bocadinho mais dolorosas, intensas e com menos intervalo entre elas. Estou louca por elas... ;)

Quando comecei a sentir contrações na segunda à noite, senti uma felicidade gigantesca e comentei com minha mãe e meu esposo que era a dor mais bonita que se pode ter. Bem, isso é um parodoxo, eu sei, afinal, dor não tem nada de bonito; só que a dor de parir é bonita porque sua idiossincrasia é a de ser um divisor de águas, é a de separar dois intervalos da sua vida: aquele em que você só pode sonhar com o rostinho de seu bebê e um outro, em que seu bebê tem corpo, cheiro, choro, calor, mãozinhas e pezinhos! 

Tenho refletido muito sobre a dor do parto. Li algumas coisas a respeito, vi vídeos em português e em espanhol, e cheguei à conclusão de que o conceito de dor é relativo por várias razões, vamos a elas:

1. Cada pessoa tem um nível de tolerância à dor, o que nos leva à conclusão, portanto, de que a dor é algo subjetivo: é pessoal e intransferível; cada uma sente a dor de uma maneira e a percepção desse processo é única.
2. A preparação para o parto fortalece corporal, emocional e psicologicamente a grávida para o momento das contrações, o que nos leva a crer que a relação criada com o gestar e o parir também determina o nível de dor e como vai-se lidar com ela.  
3. Ninguém é obrigad@ a sentir dor. Fármacos e tratamentos alternativos aliviam a dor e transformam o momento das contrações em algo mais leve. Portanto, renda-se aos fármacos e à analgesia se for preciso, sem culpa. Mas tente antes massagens na lombar, nas pernas e nos ombros, imersão em banheira e chuveiro, bola de pilates (o que ajuda muito a dilatar e a lidar com a dor).
4. Manter o foco na dor durante as contrações como algo que nos fará cruzar uma fronteira, um caminho nos ajuda a lidar melhor com ela. Essa dor é pontual, dura um determinado número de horas e tem uma função fisiológica: facilitar a expulsão do bebê do útero materno.
5. A natureza nos brindou com toda a estrutura física e a química natural necessárias ao trabalho de parto: temos músculos elásticos, ossos que se expandem, hormônios que nos ajudam a dilatar e a contrair, ligamentos e nervos que se estendem e ajudam a suportar o peso, a força e a pressão. Como não se maravilhar diante de tudo isso e acreditar que parir é algo que faz parte da nossa anatomia e fisiologia?
6.  A crença construída ao redor da dor do parto como algo insuportável, terminou por confundi-la com medos e sofrimentos, o que faz com que muitas mulheres recusem a experiência de parir pelo simples fato de não quererem marcar sua memória com algo feio, quando, na verdade, essa dor é um processo de transição como qualquer outro que envolva nascer, crescer, amadurecer e - por que não? - viver. 
7. Finalmente, considero algo imprescindível: saber tirar partido da respiração durante a dor. Respirar profunda e lentamente é chave para ajudar a enfrentar a dor e também relaxar. Quero compartilhar um vídeo que ensina a relaxar durante o trabalho de parto e explica como respirar vocalizando. Trata-se de, ao expirar, pronunciar um longo "a", o que ajuda a trabalhar o períneo e sentir menos dor.




Hannah já está quase aqui, e me sinto pronta para parir, com ou sem dor! 

Saudações maternas e aquele abraço,
Biazinha

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