Saudações maternas!
Biazinha
O abc do engatinhar
Engatinhar é uma etapa fundamental do neurodesenvolvimento infantil que ajuda a criança a entrar em contato com o ambiente que a rodeia, pois é a primeira forma que tem de mover-se e explorar o mundo por si mesma. Conheça tudo sobre este período básico na vida de um bebê.
Começar a engatinhar significa mais que percorrer um cômodo por sua conta, significa que o seu bebê está crescendo, e que em seu interior estão acontecendo coisas extraordinárias. E não há melhor maneira de acompanhá-lo nesta importante etapa que conhecer o que está acontecendo com cada centímetro do seu corpo e as novas habilidades que está prestes a adquirir.
O primeiro sinal que indica que seu bebê está pronto para engatinhar é quando é capaz de sentar-se sem sua ajuda ou a de outro suporte, o que provavelmente ocorrerá entre os seis e oito meses de vida. A partir de então o bebê tem a maturação física suficiente para sustentar sua cabeça e olhar ao seu redor; além disso, suas extremidades e músculos já são fortes para manter-se estendidos e longe do chão, o que o levará gradualmente a tentar se balançar da frente para trás e engatinhar. Desse momento em diante, o bebê praticará até ter a capacidade de compreender como “avançar”; ficar apoiado em suas quatro extremidades é o que lhe dará o empurrão necessário para mover-se.
Mais de um benefício
É comum pensar que o único valor de engatinhar é por ser a fase prévia aos primeiros passos, contudo é mais que isso. Além de garantir o movimento independente e coordenado da cabeça, dos braços e pernas – fundamental para o desenvolvimento e crescimento de uma criança -, oferece múltiplos benefícios ao resto do corpo, que você conhecerá a seguir:
Desenvolve a conexão cerebral. Este é talvez o benefício mais importante que oferece, já que propicia a coordenação dos dois hemisférios cerebrais e cria rotas de informação neurológicas entre eles, o que facilita a passagem de informação. É importante dizer que as rotas que se criam serão as encarregadas de formar conexões novas, fazendo com que esse processo seja crucial para a maturação das diferentes funções cognitivas.
Por outro lado, também ajuda a estabelecer a lateralização, que é quando um dos hemisférios do cérebro se transforma em dominante e o outro em servidor, o que revela o objetivo de não ter que usá-los ao mesmo tempo, e para que o corpo obedeça as ordens cerebrais de maneira mais fácil, rápida e eficaz. Por exemplo, se seu filho quiser avançar, não o fará com as duas pernas ao mesmo tempo, mas ordenará à perna direita que se mova primeiro e depois a esquerda, ou seja, ordenará a seu corpo que trabalhe de forma estruturada.
Adquire a oposição cortical. Ao estar de quatro, um bebê pode dar-se conta de que sua cabeça e uma das suas mãos estão em planos diferentes, somado a que aprende que o polegar se opõe ao resto dos dedos. Ambas as capacidades desenvolverão a motricidade fina para agarrar objetos, a relação olho-mão, e, desta maneira, propiciarão a leitura.
Fomenta a percepção corporal. Os movimentos característicos desta etapa desenvolvem o sistema vestibular e o proprioceptivo. O primeiro, também conhecido como o sentido de orientação ou de equilíbrio, ativa a emissão de sinais dos dois labirintos do ouvido ao cerebelo para que o cérebro reconheça em que posição se encontra a cabeça, e assim tenha um ponto de referência que lhe permita mover e colocar o corpo em relação a essa posição. O segundo consiste em saber onde está cada uma das partes de seu corpo, o que faz com que mande ordens precisas a cada uma para que se mova de forma harmônica.
Exercita sua visão binocular. Esta capacidade se refere à integração das duas imagens em uma só, isto se realiza através do cérebro, o qual recebe as imagens tanto de um olho quanto do outro, as processa e as funde em uma só imagem, que é mais completa, rica e extensa.
Move o corpo de forma organizada. Existe um conceito que os especialistas em psicomotricidade chamam “padrão cruzado”, que significa que uma criança aprende a mover seu corpo de uma maneira coordenada, ou seja, ao avançar move um braço que se sincronizará com a perna oposta. Assim, em lugar de usar o braço e a perna do mesmo lado, moverá o braço direito com o pé esquerdo, e vice-versa.
Fortalece os músculos. Ao crescer, seu filho apresenta uma maturação de todo o corpo, o que inclui seus músculos, que serão fortalecidos com a prática constante do engatinhar. Isso acontecerá quando tentar levantar seu corpo do chão, e sustentar-se com as pernas e braços, suportando a tensão e o peso nas articulações dos punhos, ombros, coluna vertebral, quadris e fêmur. Além disso, ao mesmo tempo, alinhará sua medula espinhal.
Casa segura, engatinhar seguro
A nova fase que atravessa o seu bebê requer precauções de segurança especiais em cada cômodo da casa. Abaixo te damos uma série de recomendações que ajudarão a protegê-lo.
A melhor forma de detectar perigos iminentes é literalmente ficar de quatro e procurar coisas que representem riscos.
Observe que o chão e os móveis estejam livres de poeira, já que seu filho tocará tudo com as mãos, as quais levará, sem dúvida, à boca.
Proteja as tomadas com as tampinhas próprias.
Se houver escadas, cuide para que ele não esteja próximo a elas.
Tire as toalhas de mesa compridas ou cabos de aparelhos que ele possa puxar e cair sobre si.
Se o seu chão é de madeira, observe se não há farpas nas esquinas ou partes que ele possa arrancar ou com as quais possa se ferir.
Assegure-se de que as portas dos armários estejam bem fechadas, em particular as daqueles que contenham produtos de limpeza, bolsas de plástico, ou objetos que possam feri-lo.
Cuide para que o bebê não possa abrir a máquina de lavar e colocar suas mãozinhas dentro.
O mais importante que você pode sempre fazer é estar a seu lado e não deixá-lo sozinho nunca.
Questão de gosto
É inevitável: quando falamos de engatinhar nos vem à mente a imagem de um bebê apoiado nas palmas das mãos e nos joelhos, dando passinho por passinho; contudo, é importante dizer que essa não é a única maneira com que uma criança manifesta seu desejo de engatinhar, tudo depende do bebê. Alguns podem optar por outros métodos ou técnicas, tais como apoiar-se sobre o bumbum usando uma mão ao lado do corpo e um pé à frente para impulsionar-se; outros preferem deslocar-se sentados com as pernas dobradas, enquanto que alguns deslizam sobre a barriga, ou se arrastam com a ajuda de seus braços. Lembre-se que não há uma técnica boa ou má, ou uma melhor que outra, não importa a forma, senão que o bebê aprenda a mover-se.
Estimule-o sem obrigá-lo
Chame sua atenção colocando brinquedos seguros e atraentes diante dele para fazê-lo mover-se até eles; coloque-os a uma distância mais ou menos próxima.
Ofereça-o como um jogo, nunca como uma obrigação. Quanto mais se divertir, mais vontade terá de fazê-lo.
Coloque obstáculos em sua passagem, como travesseiros, caixas, brinquedos para que ele descubra como esquivar-se deles e para que possa adquirir segurança, velocidade e agilidade.
Evite submetê-lo a normas estritas e a repetidos “não”. Permita que ele se mova livremente, com isso explorará um mundo novo e fundamental para seu crescimento e desenvolvimento.
É preferível que ele esteja sem meias, pois estas o impedirão de conhecer a superfície na qual se move.
Coloque seu bebê sobre seu estômago, levante-o gentilmente pelos cotovelos e anime-o a engatinhar. Pratique essa atividade todos os dias por três ou cinco minutos, você verá que logo haverá resultados.
Engatinhar é fundamental no desenvolvimento cerebral e educativo de qualquer bebê; através dessa prática ele conseguirá autonomia, pois poderá mover-se com toda liberdade e segurança por onde desejar, além dos múltiplos benefícios que garante a seu corpo.
Disponível em: Revista Bbmundo. Edição Nº 65. México DF: Bbmundo, fevereiro de 2011. pp. 54-58.
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